terça-feira, 13 de março de 2012

Proposta de Atividade Ensino Médio

Proposta de atividade para o Ensino Médio 


Ao professor de Ensino Médio, recomendamos a leitura dos itens "Atividade: para iniciantes" e "Atividade: para quem já conhece", pois os princípios de trabalho expostos nesses textos são válidos aqui também.

No Ensino Médio, a discussão sobre a interdisciplinaridade não pode prescindir de uma reflexão anterior que trate das relações, e das condições de trabalho dos educadores desse segmento da educação básica.


É no currículo do Ensino Médio que a distribuição dos conteúdos escolares mais se aproxima das disciplinas acadêmicas tradicionais: Língua Portuguesa, Literatura, História, Geografia, Biologia, Física, Química, Filosofia, Educação Física, Língua Estrangeira. Essa distribuição de conteúdos reforça ainda mais a tendência de compartimentalizar o conhecimento, já presente no Ensino Fundamental. O desenvolvimento isolado do ensino das diversas disciplinas escolares torna-se um problema ainda maior no Ensino Médio quando vemos as condições de trabalho que a maioria dos professores enfrenta. Falta de tempo para preparação adequada das aulas, principalmente, falta de uma estrutura de organização dos horários escolares que permita aos professores um trabalho em equipe, única forma de desenvolver planejamentos conjuntos que levem a uma prática pedagógica interdisciplinar.

Portanto, é preciso ter sempre em mente que, para perseguirmos o ideal de termos uma escola que responda ao desafio de promover "o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho", como prega o Artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, devemos considerar os diversos aspectos que envolvem a realidade da instituição escolar, desde sua organização administrativa, até a forma de organizar as propostas pedagógicas que fazemos a nossos alunos e alunas. 

A preocupação em desenvolver uma prática pedagógica interdisciplinar, na qual os alunos sejam levados a refletir sobre o conhecimento que constroem em atividades de aprendizagem significativas, não pode estar isolada da idéia de que a unidade escolar deve se constituir em uma comunidade de construção de saberes, na qual educadores, alunos e seus familiares compartilhem objetivos e respeitem-se mutuamente.

Dizendo de outro modo, é difícil acreditar que a interdisciplinaridade é um remédio para os males da educação escolar e, muito menos, que deva ser administrada pela força de decretos e determinações hierárquicas.
Por outro lado, nós professores de Ensino Médio, não podemos ficar de braços cruzados diante de uma realidade educacional que nos desagrada, pois precisamos, e temos como obrigação profissional, descobrir, entre outras coisas, novas formas de trabalhar os conteúdos escolares em sala de aula.
Na história recente de nosso país, após o final da ditadura militar iniciada em 1964, vários municípios e até estados brasileiros tiveram governos progressistas, que nomearam professores como secretários de educação. Mas, infelizmente, esses ex-professores, que reivindicavam uma escola melhor, muitas vezes interdisciplinar, antes de assumirem seus cargos políticos, não conseguiram formular propostas que concretizassem seus ideais educativos.

Por todos esses motivos, a transformação de nossa escola  em direção aos ideais de formação de cidadãos conscientes, que compreendam o mundo em que vivem e que possam desenvolver um caminho pessoal de inserção social e profissional, passa, necessariamente, pela ousadia de educadores que, mesmo nas condições mais adversas, formulem propostas de trabalho que colaborem com essa transformação.

O desenvolvimento de propostas pedagógicas pluri ou interdisciplinares (sobre esses termos, veja o texto "Para entender") no Ensino Médio pode ter origem em colaborações e parcerias entre professores de disciplinas afins. O professor de Física pode planejar, em conjunto com o professor de Geografia, estudos sobre meteorologia, clima, fenômenos atmosféricos e correntes marinhas.

Alguns professores podem achar que isso é pouco. Porém, veja o que pode ocorrer quando não existe esse tipo de diálogo entre os professores. Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental terminam o ano letivo sem saber se as camadas da Terra são crosta, manto e núcleo, como diz o professor de Ciências, ou atmosfera, hidrosfera e litosfera, como ensina o professor de Geografia.

Essa contradição entre linguagens e conceitos é muito comum em nossas escolas. Professores de Biologia usam terminologia contraditória com a utilizada pelos professores de Química, quando estão tratando da bioquímica no metabolismo humano. Professores de História, em geral, têm uma visão distorcida sobre o conceito de evolução em Biologia, tomando mesmo, em alguns casos, uma posição "antievolucionista".

Outro aspecto do trabalho pedagógico interdisciplinar está relacionado à postura dos professores perante os conhecimentos relativos a cada disciplina. Só para citar um exemplo para reflexão de todos os professores de Ensino Médio: é comum professores de áreas como História, Língua Estrangeira ou Filosofia assustarem-se com a lousa cheia de fórmulas e contas relativas a uma aula de Física ou Matemática que os alunos acabaram de ter. Freqüentemente, referem-se a esses conhecimentos de forma desdenhosa, dizendo frases como "Nossa, não sei nada de Física", ou "Não sei como alguém pode compreender isso".



Professores que tomam essa postura diante de seus alunos, certamente, não têm consciência do péssimo exemplo que estão deixando para eles. Esses jovens, na verdade têm que responder pela aprendizagem de todos os conteúdos escolares, sejam eles de Língua Portuguesa, Inglês, Física, Química, ou História. Essa postura profissional pode indicar aos alunos que, na realidade, não saber nada desta ou daquela disciplina talvez não seja algo tão ruim assim, já que até seus professores têm essas características.

O desenvolvimento de propostas interdisciplinares no Ensino Médio, assim como no Fundamental, pode se dar segundo as orientações dos Temas Transversais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais do 6º ao 9º ano, e que foram comentados no item "Atividade: para quem já conhece".

A proposta dos PCN para o Ensino Médio também procurou indicar um caminho para o trabalho interdisciplinar, organizando os conteúdos escolares em três grandes blocos que são:
·           "Linguagens, Códigos e suas Tecnologias";
·           "Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias";
·           "Ciências Humanas e suas Tecnologias".
"Propôs-se, numa primeira abordagem, a reorganização curricular em áreas de conhecimento, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento dos conteúdos, numa perspectiva de interdisciplinaridade e contextualização"
                                                                                       
                                                                             Texto original: Vinicius Signoreli



 A Importância da Interdisciplinaridade e Contextualização 

Para deixarmos de lado a educação baseada na formação de modelos, memorizações, e fragmentação do conhecimento, foi elaborada a reorganização curricular com o objetivo de desenvolver os conteúdos, utilizando a interdisciplinaridade e a contextualização.
Conforme a LDB nº 9394 / 96, a organização do currículo superou as disciplinas estanques. Pretende integração e articulação dos conhecimentos num processo permanente de interdisciplinaridade e contextualização.
A interdisciplinaridade ao saber útil. Utiliza conhecimentos de várias disciplinas para a compreensão de uma situação problema. É uma integração de saberes. Num texto de ciências, por exemplo, além do conhecimento específico da matéria, o aluno pode aprender gramática, elaborar problemas relativos ao texto e muito mais.
A contextualização do conteúdo traz importância ao cotidiano do aluno, mostra que aquilo que se aprende, em sala de aula, tem aplicação prática em nossas vidas. A contextualização permite ao aluno sentir que o saber não é apenas um acúmulo de conhecimentos técnico-científicos, mas sim uma ferramenta que os prepara para enfrentar o mundo, permitindo-lhe resolver situações até então desconhecidas.
A fragmentação, a distância entre os conteúdos gera desinteresse por a aprendizagem não ser significativa.. Esta ocorre quando há relação entre o aluno e o que ele está aprendendo, considerando-o como o centro da aprendizagem, sendo ativo.
O contexto dá significado ao conteúdo e deve basear-se na vida social, nos fatos do cotidiano e na convivência do aluno. Isto porque o aluno vive num mundo regido pela natureza, pelas relações sociais estando exposto à informação e a vários tipos de comunicação Portando, o cotidiano, o ambiente físico e social devem fazer a ponte entre o que se vive e o que se aprende na escola.
Aproveitando-se do conhecimento prévio do aluno, o professor deverá planejar "induções", fazendo com que o conceito a ser aprendido parta do próprio aluno. 
Vejamos, por exemplo, o caso de um professor de história. Deverá selecionar do conteúdo os fatos, conceitos, época, usos e costumes que o conteúdo exige. Deverá elaborar perguntas, que partam do cotidiano, induzindo os alunos a fazerem comparações até chegar onde pretende. Através das respostas dos alunos, será elaborado um texto. Através de outras induções planejadas pelo professor esse texto dará origem a outros textos, como por exemplo, de geografia. Por exemplo: -Onde ocorreram tais fatos? Diferenciar os conceitos, usos , costumes entre as regiões do planeta.
Nesse mesmo texto a gramática deverá ser inserida e a obtenção de dados para elaborar problemas. Em educação artística o campo será amplo a ser explorado.
O mundo globalizado exigiu mudanças na educação, consequentemente exige que o professor seja atualizado, criativo, orientador e facilitador da aprendizagem. 
                                                                                                              Maria Edmir Maranhão

Referência bibliográfica: 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília; MEC/SEF, 1997.
______. Lei Nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1997.
GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 29. Ed., Campinas, S.P: Autores Associados, 2002
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002

























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